domingo, 28 de janeiro de 2024

Tinoni e Companhia

Imagens/vídeos:



Informação: Algumas pessoas a ler isto deverão reconhecer logo a referência do cão Tinoni. Afinal, do pouco que consegui investigar, esta personagem já foi usada em vários contextos, não apenas neste programa a que me refiro neste post. Esse era um programa relativamente curto e, segundo o IMDB, foi feito por volta de 1996 ou 1997. Quanto às outras versões do cão Tinoni não sei, mas nesta o cão bombeiro aparecia como uma marioneta. Uma marioneta bem simpática, diria eu. E a maioria das restantes personagens também era interpretada através de uma marioneta.

Este programa funcionava quase como um desses "anúncios de serviço público". Ou seja, embora as crianças que o vissem pudessem vê-lo como entretenimento devido à animação das imagens e à presença dos bonecos fáceis de gostar, o principal propósito do programa parecia ser proteger a população em geral, nomeadamente no sentido de prevenir acidentes caseiros. Nesse sentido, o simpático cão Tinoni e os seus companheiros - que eram o jovem Bruno, um pássaro falante e uma espécie de astronauta que aparecia quase sempre num ecrã - iam apresentado aos espetadores diversos cenários que podiam terminar com uma pessoa - geralmente, uma criança - magoada (ou pior...). Alguns conselhos eram mais gerais, como evitar mexer em objetos afiados. Outros eram mais específicos, como aquele do qual eu me lembro mais claramente: o de usar um antiderrapante quando tomamos duche. Habitualmente, era o Bruno que representava a pessoa que fazia coisas que arriscavam a sua saúde e/ou integridade. De resto, nalguns episódios, o tal astronauta fazia questão de dizer no final "Bravo, Tinoni!" depois de o nosso cão bombeiro completar a sua lição sobre prevenção de acidentes ou semelhante. É a tal frase "Bravo, Tinoni!" que eu, ainda hoje, mais associo a este programa.

Há ainda outro pormenor curioso sobre este programa: por alguma razão, havia episódios "normais" (por assim dizer) e episódios "especiais" de férias de verão. Os tais episódios de verão até tinham uma canção no final que era assim:

Tinoni, Tinoni
Tinoni e Companhia
Nas tuas férias de verão
Vem cantar esta canção

Tinoni, Tinoni
Tinoni e Companhia
Tinoni, Tinoni
Tinoni e Companhia

Não sei bem porquê, mas eu lembro-me mais desta canção do que qualquer música que eu possa ter ouvido no Tinoni e Companhia. Talvez por eu ter visto mais episódios "especiais" de verão do que os "normais". Aliás, ainda hoje me pergunto se os episódios de verão eram assim tão diferentes dos "normais", vá. Pelo menos do que me recordo, não pareciam assim tão diferentes...a estrutura era praticamente a mesma, as personagens também, o tema do episódio não mudava por aí além, etc. Mas pronto, os criadores do programa lá saberão. E não deixo de achar a distinção interessante.

Alguns episódios
- O Bruno estava a precisar de qualquer coisa que estava em cima de uma prateleira ou assim. Não me lembro se o rapaz tentou chegar à prateleira de forma perigosa, mas o Tinoni e os outros lá avisaram que ninguém deve improvisar escadotes para chegar a um sítio alto porque ah e tal, se puseres uma cadeira em cima da outra, elas podem separar-se a tu cais e magoas-te. No fim do episódio, perguntam ao Bruno como é que ele afinal conseguiu chegar à coisa de que precisava se ela estava tão alta e o Bruno respondeu: "Nos bicos dos pés". Ao que o astronauta respondeu que era bem pensado.

- No tal episódio de que eu me lembro mais claramente, o Tinoni aparecia e os seus amigos perguntavam se ele não tinha dito que ia tomar banho. O Tinoni respondia: "Ia, sim. Mas onde é que está o antiderrapante?". A partir daí, estava dado o tema central do episódio; as nossas personagens lá explicavam que não se deve tomar duche sem ter o antiderrapante no chão da banheira porque ele tinha aquelas ventosas e evitava que as pessoas escorregassem no banho devido à combinação da água e da porcelana (ou semelhante) da banheira, que têm alguma tendência para fazer escorregar e, consequentemente, magoar as pessoas. Na altura, ao ver esse episódio, eu achei interessante aprender através daquele programa o nome do antiderrapante. Afinal, não era um objeto do qual os meus círculos sociais falassem muito...até diria que não falavam nunca dele! E, também por isso, eu não sabia qual era o nome "oficial" daquela coisa a que eu, numa tentativa de definir, chamava "aquele tapete que está na banheira". Ao conhecer a palavra antiderrapante, aprendi uma coisa nova.
Já agora...caso alguém esteja com curiosidade, no fim da explicação, o Tinoni perguntava onde estava afinal o antiderrapante e os outros respondiam "Na banheira!". XDD E lá ficava o Tinoni a ralhar um pouquinho consigo próprio, dizendo algo como "Pois...logo o único sítio onde não o procurei.".

- Houve também um episódio, do qual me lembro muito menos, em que o Tinoni e os restantes falavam do relativo perigo que os elevadores têm. Por acaso até não se focavam muito da possibilidade de uma pessoa se entalar na porta; em vez disso, avisavam mais a pequenada para não ceder à tentação de brincar com o elevador e carregar nos botões todos como se fosse um jogo, pois isso podia estragar o elevador e deixar as pessoas lá presas. E víamos uma simulação dessa mesma situação.

Uma(s) voz(es): Filipe Duarte; Rui de Sá

Uma(s) personagem(ns): Bruno; um pássaro; Tinoni

Genérico: ?

sábado, 13 de janeiro de 2024

Atualizações

Atualizações no post Os Traquinas.

Digo-vos uma coisa: às vezes descobrir, ao fim de muitos anos, o nome original de um programa...faz uma diferença do dia para a noite. Quer dizer, tantos anos procurei pelos Traquinas...e afinal era capaz de ter tido resultados bem mais depressa se soubesse que o título em inglês era "Little Monsters"!

Até percebo o título, mas cá para mim passar de "traquina" para "monstrinho" não é a coisa mais intuitiva do mundo. Pelo menos agora já vos posso mostrar algo do desenho animado.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Nome Desconhecido (Toni, a Formiga?)

Imagens/vídeos: 



Informação: Em retrospetiva, é curioso e talvez até bizarro que tantos desenhos animados que passavam no Batatoon estejam tão esquecidos. Quer dizer, tanto quanto sei, o Batatoon é um programa lembrado por muitos...por vezes até por quem não acompanhou o programa. Enfim; se é verdade que o Batatoon foi um grande êxito no seu tempo, também o é que muita gente só se lembra de uns poucos desenhos animados que passavam no programa do palhaço Batatinha (os melhores, quiçá...) e esquece os restantes. Este das formigas é mais um dos esquecidos que passou no Batatoon, porque ou muito me engano ou passou no ecrã desse programa após o Batatinha ter o comando na mão e carregar no botão...

O nome original deste programa parece ser "Anthony Ant", embora eu não me lembre minimamente do título lusitano. De qualquer forma, o protagonista não se chamava Anthony cá em Portugal; chamava-se Toni e todos os seus amigos pronunciavam "Tóní" e não "Tóni". O Toni vivia várias aventuras animadas com o seu grupo de amigos e, se bem me lembro, todos eles gostavam de andar de skate. Ainda assim, cada um deles tinha um interesse que apreciava mais do que o skate. O Kevin, por exemplo, gostava de fazer malabarismos com bolas ou com quaisquer objetos que fossem fáceis de atirar ao ar. Outra das formigas gostava muito de comer. E depois havia outras personagens secundárias que apareciam de vez em quando, como o avô do Toni e uma formiga com um daqueles chapéus de explorador (como o que o Tintim usou no álbum Tintim no Congo). Ah, e já que falei em chapéus: todas as formigas deste programa usavam qualquer coisa na cabeça. O Toni usava um boné vermelho, qual TJ do programa Recreio. Os amigos dele usavam bonés de outras cores ou coisas como gorros ou fitas. Não sei porque é que puseram tantas personagens a usar algo na cabeça...se tivesse de dar um palpite, diria que era para o público se identificar mais facilmente com as personagens. Afinal, ao usar chapéus, elas lembravam mais facilmente os humanos do que lembrariam se "só" tivessem antenas no cocuruto. 

Curiosamente, até os vilões usavam algo na cabeça...no caso dos 2 ajudantes tolos, eram capacetes. A meu ver, os vilões eram um dos destaques deste desenho animado. O principal vilão era um tal Conde Mosquito, que tinha a voz de Jorge Paupério. O Conde usava uma espécie de capa ou manto e dava muitas missões maléficas aos tais 2 ajudantes tolos. Estes eram o Nate e o Buzz e, como é costume neste tipo de personagens, estes 2 eram facilmente enganados pelos heróis e faziam muitas tolices. Por vezes os vilões tinham o dia quase ganho e, à última da hora, o Nate e o Buzz deitavam tudo a perder por se distraírem com facilidade ou por serem uns grandes trouxas. Outro dado interessante deste desenho animado é que os insetos, dia sim dia não, tinham de interagir com uns seres gigantescos com sapatos muito perigosos! Esses seres gigantes, como devem calcular, eram os seres humanos. Estes humanos nunca eram vistos a falar e nem sequer se via a cara completa de nenhum deles. Isto fazia com que os humanos, a quem as nossas formigas chamavam Pé Grande, parecessem mais assustadores e completamente insensíveis aos sentimentos alheios. E os tais pés grandes punham muitas vezes as formigas e os seus amigos em perigo, quer com os pés pisadores de criaturas minúsculas, quer por não as verem e lhes acertarem com alguma coisa. Felizmente, por vezes, as formigas até beneficiavam da interação com o Pé Grande. Às vezes até ganhavam alimento para um ano quando o tal Pé Grande deixava cair comida ao chão!

Alguns episódios
- As nossas amigas formigas falam e concluem que se esqueceram do aniversário do Billy, o seu compincha mais novo. Enquanto elas pensam em como resolver isto, um "Pé Grande" passa e deixa cair umas gomas coloridas. As formigas não sabem bem o que fazer com aquilo, mas de repente o Billy aparece e o Kevin tem a ideia de fingir que as gomas eram o presente que eles compraram para o aniversário do Billy! A ideia até funciona bem, pois o Billy gosta das gomas porque diz que cheiram bem, sabem bem e que dão para trepar porque são pegajosas. O problema é que depois o tal pé grande vem recolher as gomas e o Billy é levado na voragem. Ups! (alerta de spoilers: no fim do episódio, eles trazem o Billy de volta)

- Num episódio cheio de frio, as formigas daquela área enfrentavam uma espécie de frente fria causada por...não sei bem o quê. ¯\_(ツ)_/¯ O certo é que a situação não era só desconfortável; estava mesmo a dificultar o quotidiano às formigas. Elas tentavam organizar-se e reunir-se para lidar com a situação, mas não conseguiam muito. Mas o Conde Mosquito não parecia interessar-se muito pelo assunto. Mais tarde, as formigas descobriram porquê: ele tinha uma espécie de túnel privado onde circulava muito calor e o vilão passava um bom tempo lá. Inclusive, quando as formigas o descobriram, o Conde Mosquito estava confortável a tomar uma banho quente, ignorando as formigas com frio lá fora. Quando o descobriram, o Conde nem teve remorsos e limitou-se a protestar: "Como é que vocês se atrevem? Eu estou a tomar banho!". O avô do Toni respondeu logo algo como "Como é que você se atreve a manter segredo desta câmara quente enquanto todos congelam lá fora?!". E assim foi...pouco depois, as formigas tinham arranjado uma forma de canalizar o calor do tal túnel/câmara para a superfície, ajudando a aquecer as coisas. E o Conde foi, digamos, "voluntário à força" para fazer um trabalho manual que essa canalização exigiu.

- Este episódio parecia um tipo de paródia à clássica história da Bela Adormecida...nele, o avô do Toni ficava doente e o seu filho rapidamente identificou a doença como sendo uma tal "febre do borbulho". Os sintomas da doença andavam entre o expectável e o surreal; se por um lado o avô tinha delírios, como os que as febres podem causar, a doença também o fazia ficar com manchas de todas as cores e depois com riscas coloridas que lhe cobriam o corpo todo, como se fosse um arco-íris ambulante! Enfim...as formigas não sabiam como o tratar, por isso imploraram à feiticeira má lá do local que salvasse o avô. Essa feiticeira, apesar de costumar ser contra as formigas, lá concordou em ajudar. E aqui veio a parte da paródia à Aurora: a cura mágica que a feiticeira conseguiu amanhar foi um beijo mágico. Isso mesmo; depois de aplicar um batom mágico (acho...), ela beijou o avô e ele melhorou num instante. Quando voltou a si, começou logo a protestar por a vilã estar em casa dele, mas eles lá lhe explicaram que ela lhe tinha salvado a vida. O avô, embora relutante, fez questão de agradecer à feiticeira.

Uma(s) voz(es): Clara Nogueira; Edgard Fernandes; Jorge Paupério; Paula Seabra; Sissa Afonso

Uma(s) personagem(ns): Arnold; Billy; Buzz; Conde Mosquito; Kevin; Nate; Pé Grande; Toni

Genérico: Instrumental

domingo, 29 de outubro de 2023

Em Memória de Joel Constantino

Pela segunda vez, venho aqui ao blog lembrar uma pessoa que partiu e que trabalhou no mundo das dobragens em Portugal.
Alguém que, da minha perspetiva, era uma LENDA das dobragens:
Joel Cândido dos Santos Constantino.

(De acordo com a Wiki Dobragens Portuguesas, Constantino faleceu neste ano 2023, já no mês de Abril. Porém, eu só soube recentemente. Sendo assim, mesmo com atraso, deixo aqui qualquer coisa como o meu in memoriam.)

Tal como da outra vez que fiz um post assim, não conheci pessoalmente o dobrador em questão, portanto não faço ideia de como Joel Constantino era como pessoa. Mas, no que toca ao lado profissional, não é exagero nenhum dizer que era um dos meus dobradores portugueses de eleição. Top 5, muito provavelmente. E isso quer dizer muito num país como este, tão cheio de belas dobragens e ainda mais belas vozes. E se é verdade que a voz do sr. Constantino não foi tão omnipresente na minha infância - e na de muitos mais, aliás... - como a de Carlos Freixo, a de José Raposo ou a de Sissa Afonso, também o é que, desde muito novo, houve qualquer coisa nas vozes que Joel Constantino fazia que as tornaram mais memoráveis para mim.

Imagem disponibilizada pela edição online do jornal O Templário.
Joel Constantino no centro.

É certo que se pode questionar se era a voz do dobrador per se que era assim tão marcante ou se parecia mais marcante do que era devido à grande importância que algumas das suas personagens tiveram para mim. Bom, é possível, e eu também não sou imune a outros vieses como os que a nostalgia traz. Contudo, este assunto daria pano para mangas, portanto prefiro não me alongar sobre este assunto; deixo só aqui esta salvaguarda. Posto isto, a quantidade de personagens que Joel Constantino dobrou que são incontornáveis para mim é alta. E gostaria de falar um pouco sobre elas.

Quando penso no nome Joel Constantino, penso imediatamente no Gaspar. Sim, o Gaspar do programa O Jardim da Celeste. Esse programa foi sem dúvida um dos mais importantes dos meus primeiros anos de vida e o Gaspar sempre foi uma das minhas personagens favoritas dessa obra. Ainda que o Sócrates pudesse ser mais divertido ou a Olívia ser mais uma fonte de cenas memoráveis, o Gaspar era para mim aquela personagem da qual eu ia gostar em quase todas as cenas com ele. O moço era um pouco como a criança ideal: simpático e afável mas ligeiramente precoce e com uma certa dose de maturidade pouco comum para alguém tão novo (provavelmente causada pelo facto de o Gaspar ajudar regularmente os seus pais na quinta onde cresceu, o que levava o pequenote a ter uma maior consideração por todos os seres vivos - sim, animais e plantas incluídos - e uma melhor preparação para a vida em comunidade e para a luta pelo bem comum). Talvez por todas estas características, o Gaspar deve ter sido a personagem do Jardim da Celeste que menos problemas (ou desafios, talvez?) causava na carrinha da Celeste. Era provavelmente a marioneta que menos se zangava e menos fazia alguém zangar-se. E, também por ser tão impecável, o Gaspar inspirava-me. Ele mostrava-me mais sobre como ser boa pessoa. Eu sentia-me inspirado e acabava com mais vontade de melhorar. Um belo feito para uma "simples" personagem de um programa direcionado aos petizes.

O Gaspar tinha uma voz um pouco fininha, ligeiramente parecida com a do Tico. Refiro-me ao Tico de A Volta ao Mundo de Willy Fog, outra personagem inesquecível da minha infância. O Tico, amigo do Bigodão, era um ratinho dinâmico que agia quase como um alívio cómico numa história que era um pouco séria. Era muito agradável ouvir aquela vozinha levemente esganiçada - no bom sentido - a acrescentar uma dose de humor à viagem pelo mundo e a mostrar curiosidade por muitas coisas.
Neste momento, alguns leitores poderão não concordar muito comigo pois, da sua perspetiva, a identidade do Tico não está ligada a Joel Constantino, mas a Irene Cruz. E sim, acontece várias vezes: uma personagem é apresentada, em diferentes momentos da História, com vozes diferentes. E depois cada um prefere a sua. O mesmo não se pode dizer do Max, personagem dos Tweenies. Afinal, até hoje, só foi feita uma dobragem oficial dos Tweenies...sendo assim, não há "concorrência" e todos os que viram o programa britânico se deverão lembrar do Max com a voz de Joel Constantino. E ainda bem, porque era muito boa. Era uma personagem bem mais velha do que o Gaspar e o Tico e a voz do boneco refletia isso mesmo. O Max, assim com a Judy, era um belo apoio para os jovens Bella, Milo, Fizz e Jake, pois era um adulto que lhes ensinava umas coisas sobre como lidar com emoções negativas e como gerir conflitos. Tweenies era um programa bastante educativo, e foi pela agradável e inolvidável voz do Max que muitos ouviam lições valiosas. E bem me lembro do Max a cantar canções bem alegres, como aquela "Que posso fazer com este cabelo?". E a contar história como a do Pernas Para que te Quero.

A descrição deste vídeo diz justamente
"Em memória de Joel Constantino".

Porém, as personagens que eu referi até agora são aquelas das quais eu, pessoalmente, me lembro mais. E muita gente poderá não as conhecer. Bem, se vos facilitar a vida, posso dizer-vos que Joel Constantino cantou pelo menos uma canção que diferentes gerações terão facilidade em identificar. Aqui vai: Joel Constantino cantou nada menos do que...o tema de abertura de Bob, o Construtor! Ah, pois é! Sempre que alguém usa essa música numa qualquer cerimónia de jardim de infância ou sarau de escola, é a saudosa voz de Joel Constantino que estamos a ouvir! E sempre que alguém canta uma paródia para maiores de 12 dessa mesma música...bem, nesse caso não é a voz do dobrador que estamos a ouvir, mas de certa forma estamos a ouvir algo que só chegou a nós através do cantar de Joel Constantino. Afinal, se o dobrador não tivesse feito um belo trabalho a cantar o tal tema de abertura do desenho animado, quase ninguém se lembraria da canção, sequer.

Resta eu arriscar descrever a voz de Joel Constantino. Ou, pelo menos, a voz como eu a costumava ouvir na televisão, não é? Bem, é mesmo difícil descrever...a primeira palavra que me ocorre é "agradável". O sr. Constantino dava muitas vozes que, sem ser uma voz daquelas que faz uma audiência inteira voltar-se para ver quem está a falar, era muito agradável de se ouvir...fazendo novamente o paralelo do tio, eu diria que ouvir a sua voz era como ouvir aquele nosso tio que, mesmo não sendo uma das pessoas mais mencionadas da família, é sempre afável, muito diplomático e sabe dar conselhos de vida muito bons e recheados de sobriedade e de razoabilidade. Um tio discreto, mas nem por isso menos importante...esse tipo de tio. Pelo menos era isso que a voz me sugeria. Já quando Joel Constantino fazia vozes mais fininhas para personagens mais novas ou de tamanho reduzido, a sua bela voz soava (ainda) mais divertida e, em termos meramente descritivos, talvez um pouco mais "arranhada". Mas era um arranhado agradável de ouvir e que trazia alegria. E creio que é justo dizer que, nesses casos, o ator soava efetivamente mais novo do que a idade que realmente tinha.

Uma palavra ainda para um nicho extremamente recôndito da dobragem: a dobragem de personagens de jogos de PC em CD-ROM. Neste nicho do qual poucos se lembram, Joel Constantino deu voz a uma personagem importante para algumas pessoas. Qual? O Professor Isca Leto, do jogo A Aventura do Corpo Humano! Ah, a nostalgia...

Este vídeo insiste muito no jogo Dia-a-Dia.
E ainda bem, porque esse era o meu favorito! :)

Entre as dezenas de papéis que Joel Constantino desempenhou no seu trabalho de dobrador, é difícil fazer uma lista pequena para tentar reunir outros dos seus papéis mais marcantes. Mas é bem possível que alguém que veja esta lista reconheça algo nela. Cá vão, então, mais algumas obras às quais o dobrador emprestou a sua voz:

Animaniacs
Barbie: Princesa Rapunzel
Contos de Grimm
Hey Arnold!
Power Rangers: Turbo
Puzzle Park
Rua Sésamo
Samurai X
Teletubbies

E voltando só um bocadinho ao início...em jeito de despedida, queria usar novamente a palavra lenda. Imagino que muita gente possa discordar, mas para mim é difícil falar muito de Joel Constantino sem o indicar como uma autêntica lenda da dobragem portuguesa. Quer dizer, são muitos trabalhos, durante muitos anos, e com muitas personagens marcantes muito diferentes. E, admito, o facto de nem a Wikipédia lusa ter tido uma página para Joel Constantino durante anos a fio (e, à data deste post, acho que ainda não tem...) também contribui para um certo mistério no ar. E para fazer um cidadão comum ver um dobrador como um mito. No bom sentido, claro!

Ainda que muito atrasado, digo: vá em paz, sr. Constantino. E condolências à família.

sábado, 17 de dezembro de 2022

Nome Desconhecido (Hospital de Brinquedos?)

Imagens/vídeos:





Informação: Um programa com uma ideia-base de que eu gostei muito e que, na altura, talvez até fosse um pouco inédita: a de um hospital onde os brinquedos danificados eram arranjados como se de pacientes com doenças se tratassem! Em retrospetiva, essa ideia pode não ser tão única como já foi, até porque muitos se lembrarão daquela cena do Toy Story 3 em que o urso Lotso mostra aos novatos a secção do infantário onde os brinquedos com problemas são "reparados", por assim dizer. Mas pronto, este programa cujo nome original parece ser "St. Bear's Dolls Hospital" divertia-se um pouco com essa ideia. No tal hospital de brinquedos, havia uma espécie de enfermeira-chefe que lembrava um pouco a enfermeira Joy (e tinha a voz de Helena Montez, também!) e que era uma das personagens mais ativas...também porque era uma das que mais cuidava dos brinquedos com problemas. Havia também uma senhora(??) com cara de vaca que parecia também ter um cargo importante lá no hospital...embora eu só a visse a dar opiniões e não tanto a trabalhar! Havia outra personagem com um cargo importante a que todos chamavam "Professor"...talvez ele fosse o diretor do hospital. Havia uma personagem estranha com um nariz verde...e finalmente havia o Alfinetes e o Agulhas! Desses, sim, é que eu gostava mesmo. O Alfinetes e o Agulhas eram dois funcionários do hospital que pareciam ter vários trabalhos; quem sabe se não seriam os faz-tudo's lá da instituição. Mas eles eram provavelmente as personagens mais memoráveis deste programa, porque eram os mais tolinhos. Também tinham sotaques que lembravam um francês a tentar falar português. Mais ainda: tinham uma espécie de cântico que cantarolavam de cada vez que traziam um novo paciente para o hospital em cima da maca. A cantoria era qualquer coisa como "Yatatai-yatatai, yatatai-yatatai!". Aliás, essa cantoria é das coisas que eu mais me lembro deste programa. Compreensivelmente, não é? Se eles cantarolavam isso sempre que traziam um paciente novo, seria de esperar que o yatatai-yatatai ficasse no ouvido...


Alguns episódios

- Quando o Alfinetes e o Agulhas traziam um espantalho para o hospital, a senhora-vaca ficava chocada com o estado do espantalho. Pouco depois chegava a enfermeira e também achava que o estado dele era grave e pedia logo ajuda...se bem me lembro, o problema é que ela achava que o paciente estava a perder o enchimento que tinha na cabeça e isso punha-o em grande perigo. Mas acho que o espantalho lhes explicou logo que, como era um espantalho, era normal que lhe caíssem bocadinhos de palha, de enchimento ou lá o que era...

- Num episódio em que uma personagem fazia anos (acho que era o Professor), o Alfinetes e o Agulhas ficaram com uma espécie de tarefa que era decidir sobre o bolo que iam arranjar para o aniversariante. As duas personagens resolveram pedir ajuda ao computador que tinham lá no seu cantinho, que costumava dar bons palpites. O computador mostrou-lhes uma mão com uma laranja e uma com uma tablete de chocolate. Eles perceberam a ideia e, desde logo, ficou decidido: iam fazer um bolo de laranja e chocolate para o Professor. Eis que chegou a minha parte favorita do episódio! O Agulhas pedia ao computador que lhes desse uma receita do tal "bolo de chocolate e laranja". O Alfinetes pareceu ficar alerta e chamou a atenção do colega, que respondeu "Sim, Alfinetes?". O Alfinetes saía-se então com esta: "Nós precisamos da receita de um delicioso bolo de laranja e chocolate...e não de chocolate e laranja!". Enquanto eu me ria por o Alfinetes não perceber que a ordem dos fatores não altera o produto (pelo menos na matemática), o tolinho do Agulhas concordou com o Alfinetes e preparou-se para modificar o seu pedido ao computador. Eram estes momentos de humor ou animação que me faziam gostar mais do Alfinetes e do Agulhas do que quaisquer outras personagens!

- Enquanto o hospital contemplava uma tempestade um pouco feia que atormentava o exterior, algumas personagens do programa falavam sobre espiões e coisas assim e, a dada altura, metiam na cabeça que um visitante do hospital podia ser um espião. Esse misterioso visitante, na verdade, era apenas o Professor que tinha estado na rua durante a tempestade e tinha um grande casaco amarelo com um capuz que lhe cobria a cara. Mas como o Professor, por alguma razão, não tirava o capuz - acho que o casaco estava com um problema qualquer que não deixava que o Professor o tirasse, mesmo... - quase todos no hospital não o reconheciam. Chegou a tal ponto que a enfermeira foi examinar o Professor, pensando que ele era um paciente "comum", por assim dizer. O Professor, inicialmente confuso, tentou explicar que a enfermeira estava enganada e que ele era o Professor. O problema é que justamente quando ele dizia que era o Professor, a enfermeira punha-lhe um termómetro na boca para medir a febre. Resultado: quando ele dizia "sou o Professor", a coisa soava a "sou o Fufôfâ!". A enfermeira, toda divertida, dizia que ah e tal, você tem um nome muito giro, senhor Fufôfâ! E a enfermeira ria-se como se riam os infantes que viam no ecrã aquela trapalhada toda.


Uma(s) voz(es): Helena Montez; José Jorge Duarte


Uma(s) personagem(ns): Agulhas; Alfinetes; Professor


Genérico: ?

sábado, 1 de outubro de 2022

Atualizações

Atualizações nos posts Kobby e os Oakey Dokeys, Marcelino Pão e Vinho, O Cavalo de Prata e Rua dos Sonhos.

Em relação às 3 primeiras, faço questão de deixar um agradecimento à colaboração do canal Disco Riscado. Contributo fundamental para ajudar a solidificar memórias que, na minha cabeça, já estiveram mais claras.

domingo, 19 de junho de 2022