quarta-feira, 16 de março de 2016

Beast Machines: Transformers

Imagens/vídeos:






Informação: Este era um daqueles programas que nos dava vontade de oficializar a palavra "fixeza" (como possível equivalente para "awesomeness"). Porque, deve dizer-se, a ideia-base do programa era toda ela "fixeza", transpirava e respirava fixeza! Pois vejam bem: era basicamente um programa sobre animais que se podiam transformar em animais-robôs para lutar contra o mal! Quão mais fixe se pode ser? Muito pouco, suponho...naturalmente, havia mais história no Beast Machines: Transformers do que só animais e animais-robôs a andar à bulha. Aliás, até era um programa com um certo tom sério e intensidade dramática. Mas nós queríamos lá saber; queríamos era ver os animais e os animais-robôs à luta! E quem eram esses animais? Bem, o principal era um gorila, que creio ter sido o primeiro a descobrir que se podia transformar. Mas o gorila costumava ter o seu grupo de companheiros, que eram uma chita, uma aranha (bem grande) e um rato (bem grande também). A verdade é que não me lembro de muito do enredo, mas a verdade é que bastavam aquelas transformações a aqueles heróis para nos colar ao ecrã. Ao ecrã do Batatoon, se bem me lembro, porque acho que este programa chegou a passar no Batatoon. Mas posso estar enganado...

Alguns episódios
- No episódio em que, se bem me lembro, se dava a epifania do gorila que percebia de repente que podia transformar-se no gorila-robô, o nosso gorila encontrou-se no meio de um conflito qualquer que acabou com ele a cair num precipício com milhares de metros de profundidade. Enquanto ele caía com medo do impacto, ouviu de repente uma voz que parecia vir da sua cabeça, como uma memória-ex-machina para o salvar. Ouviu uma voz feminina que lhe disse qualquer coisa como "Tu consegues.". O gorila acreditou e, cheio de coragem, fechou os olhos, concentrou-se e disse "Eu...estou...transformado!". Nem ele tinha acabado a frase e já se estava a transformar numa espetacular mistura de gorila com robô. Lembro-me bem de como o achei fixe e como pensei que ele assim podia dar uma tareia aos maus! Não me lembro se o fez, mas a verdade é que transformar-se safou-o da queda.

- Poucos episódios depois deste anterior, o gorila disse aos seus companheiros que ah e tal, vocês também devem conseguir transformar-se para ficarem mais poderosos e se poderem defender e/ou dar cabos dos maus. Dito e feito, a aranha e a chita experimentaram concentrar-se enquanto diziam "Eu...estou...transformado/a!" e transformaram-se nuns animais-robôs de aspeto estupendo! Só que, por alguma razão, o rato não conseguia; ele bem repetia "Eu estou transformado!" com os olhos fechados, mas não mudava. O rato não lidou bem com isso e sentiu-se um pouco à parte dos seus companheiros. Só que, mais tarde - pode ter sido noutro episódio -, no meio de um trabalho dos transformers, o rato viu um objeto qualquer com aura de fruto proibido. Não sei bem como nem porquê, pensou que aquilo o podia ajudar. A verdade é que, pouco tempo depois, o gorila, a aranha e a chita viraram-se para trás e lá estava um animal-robô que parecia um híbrido entre ser humano e segway, mas que tinha a voz do rato. Eles estranharam, mas o rato tentou acalmá-los, dizendo que aquilo não era nada de especial; era só ele que estava transformado. Mas eu acho que o gorila e os outros não reagiram bem à transformação dele; devem ter pensado que ele usou o fruto proibido ou assim.

- O rato era sempre o mais impaciente para se transformar e isso notou-se num episódio em que havia uma ameaça qualquer no ar que podia tornar perigoso os nossos animais transformarem-se. O gorila estava a explicar qualquer coisa aos seus companheiros e o rato, impaciente, dizia-lhe que, se era assim, então que ele lhes desse os poderes o quanto antes para se poderem transformar. O gorila, como era seu dever, respondeu "Agora não é fácil". E depois deu uma ideia da razão.

Uma(s) voz(es): Jorge Sequerra; Rui Oliveira

Uma(s) personagem(ns): a aranha; a chita; o gorila; o rato

Genérico: Desconhecido

quarta-feira, 2 de março de 2016

Em Memória de Jorge Sequerra

Jorge Henrique Campião Nogueira Sequerra deixou este mundo.

Como acontece com os humanos, há muitos lados de Jorge Sequerra. O lado familiar. O amigo. O conhecido. O amante de teatro. E muitos mais. Mas nesses prefiro não falar, pois não os conheci. O lado com que estou mais familiarizado é, naturalmente, o das dobragens. Sim; Jorge Sequerra, ator de teatro, televisão e sabe Deus mais o quê, fez dobragens. Muitas dobragens? Talvez não, mas certamente mais do que se pensaria à primeira. Sequerra pode não ter chegado a ser omnipresente nas dobragens como o são, digamos, Ana Vieira, Peter Michael ou Bárbara Lourenço. O resultado é que dificilmente será tão lembrado quanto estes. Contudo, ouvidos mais atentos podem pensar que a relevância das personagens que dobrou é, de certa forma, inversamente proporcional à frequência com que dobrou.

Imagem disponibilizada pela edição online do jornal i.

Abstrato demais? Muito bem, passemos a coisas concretas. Aqui estão 4 programas nos quais Sequerra participou com a sua voz:

- O Jardim da Celeste 
(no papel de Pinguinhas)
- Recreio 
(no papel de diretor Prickly/Romão e outros)
- A Carrinha Mágica 
(no papel de Rafa)
- Ren & Stimpy 
(no papel de Sr. Cavalo e Super Tosta em Pó)

Pois é; por aqui também se vê que por vezes o que importa é a qualidade, não a quantidade. Porque mesmo não tendo dobrado tanto quanto outros, Sequerra teve papéis nestes desenhos animados tão importantes para a nossa infância. Ironicamente, em dois destes programas, ele foi depois substituído por outro ator ou veio substituir o ator anterior - em Recreio (substituído por Paulo Espírito Santo) e em A Carrinha Mágica (substituiu Carlos Macedo), respetivamente.

Seja como for, agora há que fazer aquela coisa muito difícil: falar da voz de Sequerra. É certo que quem já a ouviu não precisa de descrição. Mas para quem não ouviu...como descrever? Creio que podemos dizer que Sequerra tinha uma voz diferente e uma das poucas vozes profundas da dobragem portuguesa. Profunda no sentido de parecer uma voz vinda bem de baixo, como a voz de um baixo (baixo no sentido de tessitura, não de altura). Mas nem por isso era uma voz assustadora; era um baixo com muita ternura, que dava para parecer que era o nosso tio divertido. Além de que tinha umas risadas deveras expressivas. Quem não gostou de o ouvir rir no papel de Sr. Solo em Uma Vida de Inseto?

Creio que a melhor memória da voz dele que posso partilhar é esta: o saudoso episódio de O Jardim da Celeste em que o nosso Pinguinhas é comprado pela Celeste e pelo Sócrates. Disfrutem.

Só não tem a clássica canção Sou Pinguinhas, o regador...

Abaixo, uma lista com mais alguns programas que incluíram Sequerra no elenco da dobragem:

Catarina
Chobin
Gatos Rabinos
Mighty Max
Os Amigos de Ovide
O Gato das Botas
O Urso Teddy
Puzzle Park (adoro!)
Raio Azul
Sinbad

Vá em paz, sr. Sequerra. Vamos ter saudades.